As Ruas Que Contam Nossa História

Por Prof. Dr. Lenin Campos Soares

Por causa da forma como aprendemos no colégio, com livros empoeirados e focando em heróis de terras estrangeiras, muitas vezes entendemos que a História está distante do nosso dia-a-dia. Que ela está distante de nós. Quando estudamos sobre Revolução Francesa ou Revolta dos Malês, ou Democracia Grega e Tenentismo, ou Impressionismo Alemão e Semana de Arte Moderna de 1922, nós achamos que a História só existe em Paris, Atenas e Berlim ou em Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo. É sempre chocante, chocante e surpreendente, quando alguém nos conta que o passado está vivo e presente nas ruas por onde passamos pela Cidade Alta, Ribeira, Rocas, Alecrim, etc.. Isso acontece porque, como a História do Rio Grande do Norte é reservada apenas aos primeiros anos da Educação Fundamental (entre 7 e 10 anos), não nos lembramos mais do pouco de História Regional que aprendemos. Então, passamos pelo passado, passamos e não vemos.

A ironia é que diariamente convivemos com essa História, que a encontramos enquanto nos dirigimos aos nossos trabalhos, que topamos com ela quando vamos resolver nossos problemas mais simplórios, que convivemos com ela quando saímos para relaxar e nos divertir. Todos os dias andamos por essas ruas cheias de História, mas esquecemos o que ela guarda. E aí está o problema: o que é História sem a Memória? Não ache que isso é sem importância, foi para manter a Memória viva que inventamos os monumentos, guardamos prédios antigos, castelos coloniais, palácios imperiais, casas modernas, para não apagar a memória, para que ela não desapareça. São como as fotografias que guardamos de nossos mais antigos parentes, elas nos lembram de sua existência, porém, o monumento silencioso não diz nada. Tal como as fotografias, se alguém não nos contar quem foi aquela pessoa, qual a história dele na nossa família, somente a foto não é capaz de nos informar nada. E sem essa informação aquela memória começa a desaparecer, aos poucos, ela começa a sumir.

É por isso que projetos como a Caminhada Histórica de Natal e o nosso querido blog Natal das Antigas são tão importantes. Eles são espaços em que os estes monumentos ganhem voz. Eles podem ser ouvidos, ser conhecidos e, assim, adquirem sentido. Eles se tornam íntimos novamente de quem mora na cidade, de quem anda por suas ruas. E, com isso, esse passado que faz parte do tecido da cidade pode ser novamente reconhecido. Estas iniciativas permitem que cada um treine o seu olhar para reconhecer as marcas do passado no tecido urbano, os sinais do passado na nossa cultura, a presença do passado no nosso cotidiano. E perceber que ele está vivo e caminha nas mesmas ruas que você.