Em Defesa do Patrimônio Histórico

Por Prof. Luciano Capistrano

O dia 17 de agosto é o dia de celebrar e refletir sobre o Patrimônio Histórico/Cultural. A data do dia do Patrimônio Histórico Brasileiro foi escolhida em homenagem ao historiador Rodrigo Melo de Andrade, responsável pela criação do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). O IPHAN é responsável pela implementação de políticas públicas de inventário e preservação do conjunto de bens culturais do Brasil. O calendário é como uma comida típica, uma dança, uma música, um busto em uma praça, enfim, a data é mais um dos elementos a compor a identidade de uma nação. O 17 de agosto também tem a função de nos lembrar do Patrimônio Histórico formador do sentimento de nacionalidade.

É nesta perspectiva que penso ser fundamental a participação das comunidades na “eleição” do que é Patrimônio. Assim como dizem os historiadores Pedro Paulo Funari e Sandra Pelegrini: “a implementação de políticas patrimoniais deve partir dos anseios da comunidade e ser norteada pela delimitação democrática dos bens reconhecidos como merecedores de preservação. Mas a seleção dos bens e serem tombados precisa estar integrada aos marcos identitários reconhecidos pela própria comunidade na qual se insere.” (FUNARI, PELEGRINI. p. 59).

Conhecer a história da cidade de Natal é caminhar por seu Patrimônio de “pedra e cal”, mas, a história de uma cidade vai além da sua arquitetura, sua alma está em seus becos, vielas e ruas, ou melhor dizendo, seu espírito está em sua gente, seu povo, homens e mulheres, construtores sociais. Como nos ensina o poeta Ferreira Gullar: “...a história está nas esquinas, ruas, quintais, ...”

Neste sentido faz necessário a implementação de uma política de valorização do Patrimônio Histórico que seja inclusiva dos grupos historicamente silenciados, como os povos originários. A valorização da presença destas culturas na formação do hoje natalense é algo de suma importância, pois como bem assinalou o historiador Walner Barros Spencer: “todos os patrimônios tombados na cidade de Natal, sem exceção, referenciam a herança cultural europeia, como igrejas, estabelecimentos militares e governamentais, sobrados e casas de séculos passados, símbolos de posse e administração portuguesa.” (SPENCER, 2010. p. 153).

 Celebremos o 17 de agosto, o dia do Patrimônio Histórico, mas não esqueçamos de olharmos para o passado desnaturalizando suas representações elegidas como “bem Tombado” ou “silenciadas” enquanto identidade de comunidades distantes das relações dos centros de poderes.

Para Saber Mais:

Pedro Paulo Funari, Sandra Pellegrini. Patrimônio Histórico e Cultural. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editora.

Walner Barros Spencer. Ecos do silêncio. Natal: Sebo Vermelho, 2010